Anos atrás conhecemos um adolescente num bairro carente de Sorocaba. Ele se diferenciava dos outros pela maneira carinhosa que tratava as pessoas, conhecidas ou não. Ele vinha alegre, nos abraçando com sua alma gentil. Encostava a cabeça no peito, talvez para ouvir melhor nossos corações, e dizia alto para todos os presentes que “ele é meu amigo, gosto muito dele”. Então passava para outra pessoa, repetindo a generosidade.
Num dia ele nos apresentou a seu pai. Era um senhor calmo, de poucas palavras. Seu filho o considerava um herói, tamanho orgulho que sentia. “Você conhece MEU PAI? ELE É O MEU PAI” E fazia questão de puxar o pai para ser apresentado a todos. E não se cansava de mostrar a admiração que tinha por ele.
Para sair de lá era preciso virar o carro, pois era uma rua de terra e sem saída. Ele perguntava se podia ir junto. Entrava todo feliz, olhando cada detalhe, se sentindo a pessoa mais importante do mundo. Carro virado, ele saía contando a todo mundo que passeou de carro, feliz da vida.
Acho que não me recordo se cheguei a conhecer outra pessoa tão singela, alegre, generosa e com olhos tão brilhantes. Ah, sim. Lembrei do meu primo Ricardo, que nasceu com graves seqüelas da Talidomida. Figuraça também!
As pessoas realmente felizes que conheço são frutos dourados do pomar de Deus... A todos nós, que não temos este privilégio, só nos resta admirá-los e seguir seus exemplos.